Domingo da Quaresma

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21
fev
1º Domingo da Quaresma - Vamos com Cristo ao Deserto


  • Às 17h30, na Matriz: Hora Santa de Adoração ao Santíssimo Sacramento.


  • Às 18h00, na Igreja de Santa Rita: Canto de Vésperas.


  • Às 21h00, na Cripta da Matriz: Reunião do Secretariado Paroquial de Coros.


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EVANGELHO Lc 4, 1-13


«No deserto, conduzido pelo Espírito e tentado»



EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS


Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: „Nem só de pão vive o homem‟». O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: „Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto‟». Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: „Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem‟; e ainda: „Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra‟». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: „Não tentarás o Senhor teu Deus‟». Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.
PALAVRA DA SALVAÇÃO.


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QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO


A Quaresma é o tempo de conversão. Esta deve ser sobretudo interior: da inteligência, da vontade e do coração. Mas precisa de expressões externas e sensíveis:

– conversão ao Senhor pela oração mais intensa e a escuta assídua da Palavra de Deus;

– conversão aos irmãos, pela caridade mais diligente e generosa, triunfando sobre o egoísmo;

– conversão de nós próprios, pelo jejum e abstinência, reaprendendo a viver de forma mais frugal e saudável, exercitando a nossa liberdade em confronto com a sociedade de consumo e desperdício em que vivemos, sendo mais próximos e solidários dos que passam privações, e experimentando um pouco na pele o que significa morrer com Cristo.

Todas as sextas-feiras da Quaresma são dias de abstinência. Quarta-Feira de Cinzas e Sexta-Feira Santa são dias de abstinência e jejum.


A abstinência consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre. Costuma traduzir-se na abstenção de carne. Poderá ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo dos mais requintados, dispendiosos ou preferidos.

O jejum consiste na privação de alimentos. Concretiza-se limitando a alimentação diária a uma refeição e tomando alimen-tos ligeiros às horas das outras refeições. Em alternativa os fiéis podem jejuar privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos e bebidas que constituam verdadeira privação.

Todos os fiéis, a partir dos 14 anos feitos, estão obrigados à abstinência. O preceito do jejum obriga os fiéis desde os 18 até aos 59 anos.

Fora destas idades, os fiéis façam a penitência possível, de acordo com as suas forças e saúde. Os doentes estão dispensados.


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JUSTIÇA: DAR A CADA UM O QUE É SEU


 Todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida à luz dos ensinamentos evangélicos. Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça. […]


Justiça: “dar a cada um o que é seu”.


Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “seu” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que só lhe pode ser concedido gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado à sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – afinal de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos à morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos –, mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “seu” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nota Santo Agostinho: se “a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu… não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus”.


De onde vem a injustiça?


O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21).
Para além da questão imediata relativa ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar – admoesta Jesus – é ingénua e míope.
A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: “Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se em pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram à lógica de confiar no Amor a lógica da suspeita e da competição; à lógica do receber, da espera confiante do Outro, a lógica ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cf. Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?

[BENTO XVI, Mensagem para a Quaresma de 2010 ]