28
fev
fev
2º Domingo da Quaresma
- Às 10h00, no Bom Pastor: Festa do Pai-Nosso (2.º Ano da Catequese).
- Às 15h00, na Cripta: Convívio do SPJ.
- Às 18h00, na Igreja de Santa Rita: Canto de Vésperas.
-
QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO
Ou ainda, com o Apóstolo igualmente ouvido, falando aos coríntios como agora a nós: “Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus”. Consciência clara tinha Paulo de que só isso lhe era pedido e aos seus interlocu-tores com ele: coadunar inteiramente, em espírito e acção concreta, a nossa vida com o amor de um Deus que nos procura até ao fim, até ao último reduto da nossa resistência, ao último recanto do nosso pecado.
Essa procura divina a que Paulo alude, sabemos bem qual é, ou antes que rosto teve e tem. Teve nome e figura, chamou-se Jesus Cristo. […] Urgia, de facto, e hoje talvez mais, que a todos fosse dito e demonstrado, em vidas convertidas, que por longe que estejamos de Deus e de tudo, há um caminho aberto de retorno e progresso na recriação das vidas. O caminho que o próprio Deus “percorreu” ao nosso encontro, quando em Cristo fez da grande distância a maior coincidência.
Bento XVI presidiu, na passada Quarta-Feira, à celebração eucarística na Basílica de Santa Sabina em Roma, assinalando assim a abertura do tempo santo da Quaresma. Nessa celebração ele próprio recebeu na cabeça as cinzas, porque todos os membros da Santa Igreja, do Papa ao último dos fiéis, são “penitentes” e precisam de se converter. Na homilia, o Santo Padre falou do sentido deste tempo litúrgico. Destacamos:
As palavras da liturgia que abrem, de algum modo, todo o itinerário quaresmal colocam como seu fundamento a omnipotência do amor de Deus, o seu absoluto domínio sobre todas as criaturas, que se traduz em indulgência infinita, animada por uma constante e universal vontade de vida. De facto, perdoar a alguém equivale a dizer-lhe: não quero que morras, mas que vivas; quero sempre e só o teu bem!
Esta absoluta certeza sustentou Jesus durante os quarenta dias passados no deserto da Judeia, depois do baptismo recebido de João no Jordão. Aquele longo tempo de silêncio e de jejum foi para Ele um abandonar-se completamente ao Pai e ao seu desígnio de amor; foi em si mesmo um “baptismo”, isto é, um “mergulhar” na Sua vontade e, neste sentido, uma antecipação da Paixão e da Cruz. Penetrar no deserto e lá permanecer demoradamente, só, significava expor-se voluntariamente aos assaltos do inimigo, o tentador que fez cair Adão e por cuja inveja a morte entrou no mundo (cf. Sab 2, 24); significava travar com ele a batalha em campo aberto, desafiá-lo sem outras armas a não ser a confiança ilimitada no amor omnipotente do Pai. Basta-me o teu amor, alimento-me da tua vontade (cf. Jo 4, 34): esta convicção habitava na mente e no coração de Jesus durante a sua “quaresma”. Não foi um acto de orgulho, um empreendimento titânico, mas uma opção de humildade, coerente com a Incarnação e o baptismo no Jordão, na mesma linha de obediência ao amor misericordioso do Pai, que “amou de tal modo o mundo que lhe deu o Filho Unigénito” (Jo 3, 16).
Esta absoluta certeza sustentou Jesus durante os quarenta dias passados no deserto da Judeia, depois do baptismo recebido de João no Jordão. Aquele longo tempo de silêncio e de jejum foi para Ele um abandonar-se completamente ao Pai e ao seu desígnio de amor; foi em si mesmo um “baptismo”, isto é, um “mergulhar” na Sua vontade e, neste sentido, uma antecipação da Paixão e da Cruz. Penetrar no deserto e lá permanecer demoradamente, só, significava expor-se voluntariamente aos assaltos do inimigo, o tentador que fez cair Adão e por cuja inveja a morte entrou no mundo (cf. Sab 2, 24); significava travar com ele a batalha em campo aberto, desafiá-lo sem outras armas a não ser a confiança ilimitada no amor omnipotente do Pai. Basta-me o teu amor, alimento-me da tua vontade (cf. Jo 4, 34): esta convicção habitava na mente e no coração de Jesus durante a sua “quaresma”. Não foi um acto de orgulho, um empreendimento titânico, mas uma opção de humildade, coerente com a Incarnação e o baptismo no Jordão, na mesma linha de obediência ao amor misericordioso do Pai, que “amou de tal modo o mundo que lhe deu o Filho Unigénito” (Jo 3, 16).
Tudo isto o Senhor Jesus o fez por nós. Fê-lo para nos salvar e, ao mesmo tempo, para nos mostrar o caminho para o seguir. […] Seguir Jesus no de-serto quaresmal é condição necessária para participar na sua Páscoa, no seu “êxodo”. Adão foi expulso do paraíso terrestre, símbolo da comunhão com Deus; agora, para voltar a esta comunhão e, portanto, à verdadeira vida, a vida eterna, é preciso atravessar o deserto, a prova da fé. Não sozinhos, mas com Jesus! Ele – como sempre – precedeu-nos e já venceu o combate contra o espírito do mal. Eis o sentido da Quaresma, tempo litúrgico que em cada ano nos convida a renovar a escolha de seguir a Cristo no caminho da humildade para participar na sua vitória sobre o pecado e sobre a morte.
Nesta perspectiva se compreende também o sinal penitencial das Cinzas, que são impostas sobre a cabeça de todos os que começam com boa vontade o itinerário quaresmal. É essencialmente um gesto de humildade, que significa: reconheço-me naquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e a Ele destinada. Pó, sim, mas amado, plasmado pelo seu amor, animado pelo seu hálito vital, capaz de reconhecer a sua voz e de lhe responder; livre e, por isso, capaz também de lhe desobedecer, cedendo à tentação do orgulho e da auto-suficiência. Eis o pecado.
Nesta perspectiva se compreende também o sinal penitencial das Cinzas, que são impostas sobre a cabeça de todos os que começam com boa vontade o itinerário quaresmal. É essencialmente um gesto de humildade, que significa: reconheço-me naquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e a Ele destinada. Pó, sim, mas amado, plasmado pelo seu amor, animado pelo seu hálito vital, capaz de reconhecer a sua voz e de lhe responder; livre e, por isso, capaz também de lhe desobedecer, cedendo à tentação do orgulho e da auto-suficiência. Eis o pecado.
-
CONVERSÃO: VOLTAR-SE PARA DEUS
Na Sé do Porto, coube ao nosso Bispo assinalar a entrada na Quaresma com a Eucaristia e a imposição das cinzas. Destacamos, da sua homilia:
A conversão não se faz em relação a uma ideia vaga, nem a um projecto apenas, a um melhor comportamento que fosse. Mas ao próprio Deus, e “de todo o coração”, correspondendo – ainda que em paupérrima medida – à totalidade com que o Deus vivo sempre nos procura e interpela.
Na Sé do Porto, coube ao nosso Bispo assinalar a entrada na Quaresma com a Eucaristia e a imposição das cinzas. Destacamos, da sua homilia:
A conversão não se faz em relação a uma ideia vaga, nem a um projecto apenas, a um melhor comportamento que fosse. Mas ao próprio Deus, e “de todo o coração”, correspondendo – ainda que em paupérrima medida – à totalidade com que o Deus vivo sempre nos procura e interpela.
Ou ainda, com o Apóstolo igualmente ouvido, falando aos coríntios como agora a nós: “Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus”. Consciência clara tinha Paulo de que só isso lhe era pedido e aos seus interlocu-tores com ele: coadunar inteiramente, em espírito e acção concreta, a nossa vida com o amor de um Deus que nos procura até ao fim, até ao último reduto da nossa resistência, ao último recanto do nosso pecado.
Essa procura divina a que Paulo alude, sabemos bem qual é, ou antes que rosto teve e tem. Teve nome e figura, chamou-se Jesus Cristo. […] Urgia, de facto, e hoje talvez mais, que a todos fosse dito e demonstrado, em vidas convertidas, que por longe que estejamos de Deus e de tudo, há um caminho aberto de retorno e progresso na recriação das vidas. O caminho que o próprio Deus “percorreu” ao nosso encontro, quando em Cristo fez da grande distância a maior coincidência.